Tem nomes que devem ter algum tipo de bênçãos e outros uma
espécie de maldição. Assisti, recentemente, uma comprovação desta teoria
obtusa. E veio no melhor estilo, naquele mais ou menos assim: deixa o universo mostrar
como funciona.
Imagine, se de repente, o imponderável acontecesse. O
improvável! O impossível! O Inacreditável! Se aquilo que os olhos vêem, não
pudessem crer em tamanha façanha.
Pois isto aconteceu e foi em um jogo de
futebol. O nome do sujeito e de difícil pronuncia, assim como o seu feito. Entre os predicativos podemos dizer que ele entrou em um
jogo no segundo tempo e fez cinco gols em apenas nove minutos. Seu time é o Bayer.
Estava vestido de vermelho e seu nome é Lewandowisk. Acho que é assim que
escreve.
Posso ate ter errado na grafia, antes de consultar o
oráculo. Mas, o bendito nome, vai ficar marcado na historia. E na minha
opinião, já podem inclusive, antecipar o premio de melhor jogador do ano de
2015 e entregar logo o merecido caneco.
Se na política do Brasil, existisse um premio semelhante,
acho que o seu xará brasileiro, poderia receber imediatamente esta honraria. Seu
feito foi em um julgamento na corte máxima da justiça nacional. O jogo é no
STF. Seu time é o da democracia. Estava vestido de capa-preta. E seu feito foi restabelecer
a esperança na justiça brasileira.
Isto mesmo senhores. A justiça anda meio cambaleante, ainda
mais, depois de tantos absurdos históricos. Por exemplo, um Ministro do Supremo sentar a
bunda em um processo há mais de um ano, com o claro objetivo de obstruir uma
decisão praticamente tomada pelos seus colegas de corte, em uma ação
proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil é ultrajante.
A manobra visava tentar legalizar o ilegalizável, mas,
pratica recorrente no financiamento de campanhas no país. Ou seja, as empresas
pagarem a conta dos políticos, mas depois mandarem uma dura fatura. Só que quem
paga a é toda a sociedade.
E quem conhece um pouquinho do riscado sabe que não tem
almoço grátis e que quem paga a banda escolhe a música que toca.
Basta ver a composição do congresso nacional e suas bancadas
pra entender o que eu estou falando. Dos 513 deputados, 253 são ligados a
bancada ruralista, também conhecida como bancada do boi. Eles hegemonizam a casa, juntamente com as
bancadas da bala e da bíblia. Tem os financiados pelas empreiteiras e seus
interesses “concorrenciais”. Tem outros ligados as bebidas, principalmente as
grandes cervejarias. E os ligados a mídia e todo seu poder de persuasão. E vai por
ai afora.
Assim, as casas de representações políticas têm poucos
representantes representando o povo. Tem poucas mulheres, poucos negros e
poucos pobres. Mas isto não é por causa de que nos variados partidos não
existam candidatos “diferenciados” que preenchem estes requisitos e possam ser
eleitos. E quem sabe até, apresentar bons projetos para o povo. O difícil para
esta “gente diferenciada” é financiar-se na lógica dominante do sistema que
acaba por cair por terra:o financiamento empresarial de campanhas.
A decisão do STF é histórica e foi coroada com o veto
presidencial. Um sonoro não da sociedade brasileira a esta tentativa de
“legalizar” as “doações” de empresas para campanhas, a semente da corrupção no
Brasil. Assim, os empresários têm seus interesses preservados, muitos deles ilícitos,
mas querendo serem permissionados e chancelados nas nossas legislações.
Por isto, a OAB entrou com uma ação direta de
inconstitucionalidade. Isto há muito tempo, quando o presidente da entidade na época era um antigo desafeto do PT e suas lideranças.
Isto é importante pra entender o contexto do imbróglio, que
faz o Ministro Lewandowisk merecer levar um caneco pra casa.
Neste xadrez político, quando o placar do jogo estava seis
votos a favor do fim do financiamento de campanha, Gilmar Mendes pediu uma
maldita vista no processo, e segurou o seu voto por mais de ano. Teve até uma
grande mobilização nas redes sociais com o #DevolveGilmar.
Na hora do aguardado desfecho, quando acabou de despejar
insensatez e ilações mesquinhas em um voto que durou mais de cinco horas, o
demente do Gilmar Mendes, teve o desplante de afirmar que o PT tinha aparelhado
a Ordem dos Advogados do Brasil.
E quando o representante da OAB solicitou fazer este pequeno
esclarecimento, foi autoritariamente interpelado pelo Ministro, na tentativa de
criar uma falsa subordinação do advogado frente a sua suposta autoridade
máxima. Aquela típica carteirada: “eu sou um ministro, ele é um advogado”.
E foi ai que a estrela do Lewandowisk brilhou. Conduzindo os
trabalhos, ele não só colocou Gilmar Mendes no seu lugar, colocou a própria ordem
democrática. E assim recebeu, junto com a democracia, uma virada de bunda do
ministro, que virou as costas e saiu, abandonando a sessão.
Um grande desrespeito a todos seus pares de STF, a todos os
advogados do Brasil, assim como a própria democracia e ao estado democrático de
direito, sonho a ser conquistado diariamente.
Pensando bem, talvez esteja chegando a hora que o corporativismo
da justiça vai conseguir superar as suas amarras e avançar na democratização
cotidiana do Brasil, como fez o Ministro do lelere. Ainda mais, após a
confirmar a inconstitucionalidade, até de futuras tentativas de legalizar o
financiamento empresarial de campanha. Uma grande vitoria. Um gol de placa.
Pois pra mim, poderia ter até narração, tipo jogo de
futebol. Estádio cheio. Torcida agitada. A bola está com Gilmar, jogo feio,
jogo truncado, disputa a bola com a OAB, Gilmar mostra as chuteiras, jogada
anti-desportiva. Lele pega a bola, da um chapéu em Gilmar, volta e passa a bola
por debaixo de suas pernas, e chuta de trivela. É gol, É golllllllllllllll... lelere,
lerere grita a torcida da democracia vai a loucuraaaaaaaaaaaa.
P.S.1 O nome Gilmar me lembra um cachorro, personagem
fictício de uma emissora de televisão, (TV Colosso) mas, com a atitude é do Capachão (esta historia fica para a próxima).
P.S.2 O
fim do financiamento empresarial de campanha é pauta histórica do PT
P.S.3 Os deputados tentaram legalizar o financiamento de todo jeito.





