quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Na trança vermelha do destino, a fina ironia do criador.





Tem nomes que devem ter algum tipo de bênçãos e outros uma espécie de maldição. Assisti, recentemente, uma comprovação desta teoria obtusa. E veio no melhor estilo, naquele mais ou menos assim: deixa o universo mostrar como funciona.

Imagine, se de repente, o imponderável acontecesse. O improvável! O impossível! O Inacreditável! Se aquilo que os olhos vêem, não pudessem crer em tamanha façanha. 

Pois isto aconteceu e foi em um jogo de futebol. O nome do sujeito e de difícil pronuncia, assim como o seu feito. Entre os predicativos podemos dizer que ele entrou em um jogo no segundo tempo e fez cinco gols em apenas nove minutos. Seu time é o Bayer. Estava vestido de vermelho e seu nome é Lewandowisk. Acho que é assim que escreve.

Posso ate ter errado na grafia, antes de consultar o oráculo. Mas, o bendito nome, vai ficar marcado na historia. E na minha opinião, já podem inclusive, antecipar o premio de melhor jogador do ano de 2015 e entregar logo o merecido caneco.

Se na política do Brasil, existisse um premio semelhante, acho que o seu xará brasileiro, poderia receber imediatamente esta honraria. Seu feito foi em um julgamento na corte máxima da justiça nacional. O jogo é no STF. Seu time é o da democracia. Estava vestido de capa-preta. E seu feito foi restabelecer a esperança na justiça brasileira.



Isto mesmo senhores. A justiça anda meio cambaleante, ainda mais, depois de tantos absurdos históricos. Por exemplo, um Ministro do Supremo sentar a bunda em um processo há mais de um ano, com o claro objetivo de obstruir uma decisão praticamente tomada pelos seus colegas de corte, em uma ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil é ultrajante.

A manobra visava tentar legalizar o ilegalizável, mas, pratica recorrente no financiamento de campanhas no país. Ou seja, as empresas pagarem a conta dos políticos, mas depois mandarem uma dura fatura. Só que quem paga a é toda a sociedade. 

E quem conhece um pouquinho do riscado sabe que não tem almoço grátis e que quem paga a banda escolhe a música que toca.

Basta ver a composição do congresso nacional e suas bancadas pra entender o que eu estou falando. Dos 513 deputados, 253 são ligados a bancada ruralista, também conhecida como bancada do boi.  Eles hegemonizam a casa, juntamente com as bancadas da bala e da bíblia. Tem os financiados pelas empreiteiras e seus interesses “concorrenciais”. Tem outros ligados as bebidas, principalmente as grandes cervejarias. E os ligados a mídia e todo seu poder de persuasão. E vai por ai afora.

Assim, as casas de representações políticas têm poucos representantes representando o povo. Tem poucas mulheres, poucos negros e poucos pobres. Mas isto não é por causa de que nos variados partidos não existam candidatos “diferenciados” que preenchem estes requisitos e possam ser eleitos. E quem sabe até, apresentar bons projetos para o povo. O difícil para esta “gente diferenciada” é financiar-se na lógica dominante do sistema que acaba por cair por terra:o financiamento empresarial de campanhas.

A decisão do STF é histórica e foi coroada com o veto presidencial. Um sonoro não da sociedade brasileira a esta tentativa de “legalizar” as “doações” de empresas para campanhas, a semente da corrupção no Brasil. Assim, os empresários têm seus interesses preservados, muitos deles ilícitos, mas querendo serem permissionados e chancelados nas nossas legislações.

Por isto, a OAB entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade. Isto há muito tempo, quando o presidente da entidade na época era um antigo desafeto do PT e suas lideranças.

Isto é importante pra entender o contexto do imbróglio, que faz o Ministro Lewandowisk merecer levar um caneco pra casa.

Neste xadrez político, quando o placar do jogo estava seis votos a favor do fim do financiamento de campanha, Gilmar Mendes pediu uma maldita vista no processo, e segurou o seu voto por mais de ano. Teve até uma grande mobilização nas redes sociais com o #DevolveGilmar.

Na hora do aguardado desfecho, quando acabou de despejar insensatez e ilações mesquinhas em um voto que durou mais de cinco horas, o demente do Gilmar Mendes, teve o desplante de afirmar que o PT tinha aparelhado a Ordem dos Advogados do Brasil.

E quando o representante da OAB solicitou fazer este pequeno esclarecimento, foi autoritariamente interpelado pelo Ministro, na tentativa de criar uma falsa subordinação do advogado frente a sua suposta autoridade máxima. Aquela típica carteirada: “eu sou um ministro, ele é um advogado”.
E foi ai que a estrela do Lewandowisk brilhou. Conduzindo os trabalhos, ele não só colocou Gilmar Mendes no seu lugar, colocou a própria ordem democrática. E assim recebeu, junto com a democracia, uma virada de bunda do ministro, que virou as costas e saiu, abandonando a sessão.
Um grande desrespeito a todos seus pares de STF, a todos os advogados do Brasil, assim como a própria democracia e ao estado democrático de direito, sonho a ser conquistado diariamente.  

Pensando bem, talvez esteja chegando a hora que o corporativismo da justiça vai conseguir superar as suas amarras e avançar na democratização cotidiana do Brasil, como fez o Ministro do lelere. Ainda mais, após a confirmar a inconstitucionalidade, até de futuras tentativas de legalizar o financiamento empresarial de campanha. Uma grande vitoria. Um gol de placa.

Pois pra mim, poderia ter até narração, tipo jogo de futebol. Estádio cheio. Torcida agitada. A bola está com Gilmar, jogo feio, jogo truncado, disputa a bola com a OAB, Gilmar mostra as chuteiras, jogada anti-desportiva. Lele pega a bola, da um chapéu em Gilmar, volta e passa a bola por debaixo de suas pernas, e chuta de trivela. É gol, É golllllllllllllll... lelere, lerere grita a torcida da democracia vai a loucuraaaaaaaaaaaa.

P.S.1 O nome Gilmar me lembra um cachorro, personagem fictício de uma emissora de televisão, (TV Colosso) mas, com a atitude é do Capachão (esta historia fica para a próxima).
P.S.2   O fim do financiamento empresarial de campanha é pauta histórica do PT
P.S.Os deputados tentaram legalizar o financiamento de todo jeito.


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