A dúvida é fruto de experiência própria. Tive o privilégio de servir o povo da minha cidade como gestor do mais importante equipamento público de acesso a informação de um município: a Biblioteca.
Lá, tive a obrigação de me aprofundar nas pesquisas sobre o setor e tentar entender, os motivos da indevida desvalorizacão da grande experiência humana proporcionada pela leitura.
Já tem mais de dez anos que criei um poema, me despindo da modéstia e buscando as mais nobres motivações. Um poema falando de livros.
De lá pra cá, minha vida deu muitos saltos triplos escarpados, que se fosse uma competição de ginástica olímpica, certamente mereceria ganhar uma medalha de ouro. Casei, descansei, comecei vários cursos em universidades e abandonei, nem tudo sempre por vontade própria. Fui indevidamente preso e torturado por causa de política, quebrei a tíbia, peguei infecção hospitalar, e outras tantas desventuras e reviravoltas. Até um prêmio em um conceituado parque tecnológico binacional eu ganhei.
Mas voltando a questão do livro. Durante a pandemia, pensei uma forma de novas alternativas e arranjos socioprodutivos na área da economia criativa e busquei outros artistas para tirar projetos do papel.
Mais de cem e-mails, incontáveis mensagens de whatsapp, uma boa dose de propósito. E assim nasceu o livro: Pedro e a máquina de voar.
Até hoje buscava viabilizar o projeto inicial de produção e distribuição gratuita nas creches infantis, pois como demostram as pesquisas, a maioria das pessoas não leitoras, nunca receberam um livro quando criança.
Segundo o estudo, Retratos da Leitura no Brasil, a nossa população ainda lê muito pouco, sendo a maior parcela de não-leitores adultos, cuja prática diminui de acordo com a renda familiar e com a classe social.
As alegações para a ausência de leitura no ano anterior à pesquisa evidenciam problemas de várias ordens: falta de tempo: 54%, outras preferências: 34 %, desinteresse: 19%, falta de dinheiro: 18%, falta de bibliotecas: 15%. Assim, 33% das alegações dizem respeito à falta de acesso real ao livro e 53% dizem respeito ao desinteresse pela leitura.
Tais informações parecem configurar um ambiente em que a leitura não é socialmente valorizada, em que o livro não tem um lugar assegurado. Tanto é que 86% dos não-leitores nunca foram presenteados com livros na infância, enquanto no universo dos considerados leitores esse índice cai para 48%.
Outra informação importante diz respeito às práticas familiares de leitura. Nos lares dos não leitores, 55% nunca viram os pais lendo.
Este é um fator importante pois a maior influência para a formação da leitura das crianças vem dos pais, principalmente das mães.
Por tudo isto, o Projeto “Pedro e a Máquina de Voar” propõe incentivar as famílias à lerem “com, para e junto” com seus filhos do pré-escolar, influenciando positivamente as crianças, garantindo o acesso gratuito, à um livro infantil, cuja história narrada no universo ficcional, valoriza os livros e a leitura.
Desde a concepção inicial, eu propus a produção gráfica do livro na Gráfica do Jornal O Tempo, uma empresa próximo da minha casa. Sempre recebi críticas e perdi apoios por seu dono ser um notório político de direita. Nunca me importei com a orientação ideológica das pessoas com quem me proponho a fazer negócios.
Como disse muito bem, o atual Ministro da Justiça: em uma estrada, não importa se você trafega na direita ou na esquerda, todos devem seguir as leis de trânsito.
Porém, recentemente vi o Prefeito de Betim, Medioli, dono grupo, defender o fim da democracia, apoiando a posição golpista de não aceitar o resultado das urnas.
Estou pensando até em abrir mão de um dos objetivos definidos desde o início do projeto, de disputar o Prêmio Jabuti, na categoria de projeto de mediação de leitura e realizar a impressão gráfica na Amazon, onde o livro já está disponível em PDF. Coisa que Câmara Brasileira do Livro (CBL) e as vinculações com o setor gráfico, não devem gostar muito.
Mas para mim, apesar da Campanha da Internacional Progressista da qual sou um dos fundadores, até a Amazon é vinculação mais ética e saudável do que grupos econômicos que não respeitam a democracia, a justiça e a lei no Brasil.
P.S. agradeço a parceria com a maravilhosa ilustradora Julia L. Fioretti e peço um pouco mais de paciência para que nosso projeto possa atingir os seus nobres propósitos
P.S. 2 arte é política cara pálida.

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