segunda-feira, 28 de março de 2016

Pedaladas e pedalinhos

Impedimento de um (a) Presidente (a) da Republica (impeachment) é um processo legal no Estado Democrático de Direito. Para isto, se faz necessário a comprovação de um crime de responsabilidade cometido pelo detentor do cargo público mais importante do país. Estas regras estão explicitas na Constituição Federal, referência jurídica máxima do pacto social e legalidade.

Porém, quando o objetivo não é a cumprimento das leis, mas impedir os avanços sociais que o povo conquistou, referenciados inclusive pela ONU, não existe outro nome que não seja golpe.
Os fins não justificam os meios, nem a ilegalidade pode ser usada como meio para chegar a um determinada fim. O que define são as leis. Mas se não tem lei, tudo pode acontecer.

Certa vez, ouvi alguém dizer que todo mundo tem travesseiro, consciência, mas dorme tranquilo quem pode.

A casa grande sempre dormiu tranquila. Diferentemente do povo, que só recentemente teve acesso a certos privilégios, como por exemplo, o consumo de automóveis e pode assim, reclamar do aumento de gasolina durante a maior crise do sistema capitalista.

Que a vida melhorou, o povo não tem duvidas. Que nosso sistema público é cheio de falhas e precisa de ajustes, é óbvio. Mas segundo estudo da ONU, o Brasil foi uma das poucas nações que o povo de forma organizada conseguiu barrar a sanha do neoliberalismo mundial. Que nas gestões petistas, enquanto o mundo todo concentrava renda, o Brasil cresceu e distribuiu virando exemplo reconhecido por varias nações. Prova que nosso povo deixou de ser bobo a muito tempo.

As tais pedaladas ou os tais pedalinhos, são os pretextos para a tentativa de legitimação da mais difundida tentativa de golpe que se tem noticias no mundo. Imaginam que conseguirão dar um golpe de estado por dentro do estado, porém sem tirar os soldados do quartel.
As reações internacionais a toda esta farsa dantesca já começaram com posicionamentos de importantes lideres latino-americanos. OEA, Bolivia, Argentina são algumas das mais recentes manifestações contrarias a quebra da normalidade democrática que a derrubada da Dilma pode significar em nosso continente.

O que muitos poderosos não entendem é que os estados nacionais estão cada vez mais cientes que não podem ser reféns do grande capital, para o bem do seu próprio povo.
Porém, se os privilégios do sono tranqüilo da elite, ameaçam ser ameaçados, ai começam os papagaios de todo telejornal, colocar os mais retrógados e fascistas discursos para fora.

Pra derrubar Dilma, tudo bem que se acabe com a democracia. Que se quebre a Constituição. Que se criem aberrações como um juiz justiceiro, que investiga e julga, tudo junto e misturado, com inovações que remetem a um passado jurídico próximo as linhas praticadas na inquisição, disseminado na classe média, um ódio a política, as instituições e até a própria Republica. São claras as manifestações publicas de ódio e autoritarismo emanadas em varias das manifestações pró-golpe, carinhosamente chamado de impeachment , por esta máquina burguesa de seqüestro da verdade e da memória que se instalou no Brasil.

A escancarada tentativa de golpe, que fraturou o seio da sociedade, ampliou o tensionamento nos conflitos históricos que nosso povo trás na memória e suas conseqüências no cotidiano.
E o grande crime cometido pelo lideres de esquerda que representaram o povo na Presidência da Republica, foi avançar no processo de democratização do Brasil. 

Até os mais mal informados, sabem que quem pela primeira vez, combateu de verdade a corrupção foi o campo democrático popular, representado por Lula e Dilma, os partidos progressistas e os movimentos sociais sérios. E só olhar quem lutou pelo fim do financiamento de campanhas por empresas, árvore do mal da corrupção de nosso país.

A mídia esconde a situação das finanças do resto do mundo, tentando esconder o tamanho da crise, o problema dos baixos preços das commoditties, principalmente minério de ferro e petróleo. Tentam colocar o problema da crise econômica como uma exclusividade de nosso país e culpa de nosso governo. Tentam a todo curso criar uma realidade paralela, fictícia como suas novelas, para que o povo esqueça como era a vida antes dos recentes avanços.

De quebra, estão quebrando setores econômicos tradicionalmente ligados a exportação de produtos com grande valor agregado, como a construção civil pesada nacional e as cadeias produtivas de óleo e gás. Estão querendo entregar a Petrobrás, com a quebra da exclusividade nacional de domínio das tecnologias de extração em águas profundas. E sem pressão popular, os fundos que garantem o futuro de nosso país estão ameaçados, dando uma pedalada na soberania do país e retrocesso em pautas históricas de nossa nação.

Além, das reações internacionais, uma nova frente de luta está se articulando no Brasil, unificando a “Frente Brasil Popular” e a “Frente Povo Sem Medo” em defesa de um valor primordial para a esquerda brasileira: a democracia.

Frente tem vários significados. Mas na política assume a conotação de vanguarda. A ponta da lança em defesa do certo, do justo e do melhor para o povo brasileiro.

Não importa o nome da frente. Pois todo mundo sabe que pra frente é que se deve andar, e um passo pra frente e não estamos mais no mesmo lugar.
O povo brasileiro e sua infinita sabedoria não vai recuar e pagar a conta desta nova fase no plano do mal de acumulação, roubo dos mais pobres para benefícios dos mais ricos chamado neoliberalismo, ultimo bastião do capitalismo selvagem.

P.S. É a maior crise por que tem mais gente, mais dinheiro e mais problema no mundo.
P.S.2 Em 29, a crise encaminhou o Brasil para a carnificina de 30 e o mundo pra 2ª Guerra Mundial.
P.S. 3  To na mesma linha do socialista democrático que disse: “não sei como vai ser a 3 ª Guerra Mundial, mas se tiver, a quarta vai ser com pedras e paus”. Isto porque sou 

terça-feira, 15 de março de 2016

Pau que dá em Chico, dá em Francisco

Dizem que existe um país. Que neste país tinha uma música que era mundialmente reconhecida como referencia cultural do seu povo, que batucava resignado, apesar das mazelas e da pobreza fartamente distribuída.

Neste país, quem comandava eram os militares. Eles torturavam e perseguiam quem pensava diferente deles. Matavam muitos. Ou melhor, as pessoas desapareciam. Os jornalistas eram silenciados. Os artistas censurados. Os opositores detidos. Ferro e fogo, tudo na maior ordem e progresso.

Ai, teve um tal de Chico. Fina flor da sociedade. Estudou em escolas estrangeiras e tudo mais. Mas, consciente do seu papel, não deixava de usar seu dom mais precioso, na defesa do que era certo. Escreveu belas músicas, tantas várias censuradas.

Mas uma em especial, nas entrelinhas das palavras, questionava a lógica defendida pela esmagadora maioria da sociedade que ele participava. Pois, pra uma sociedade cristã, chamar Deus de gozador era demais.

Milagrosamente, os censores deixaram a música passar. Mas devia-se fazer um corte, alterar um verso. “Tirar a palavra brasileiro”, pois não condizia com contexto de nascer “na barriga da miséria”. No lugar, da palavra censurada, Chico Buarque, improvisou “batuqueiro” e finalizou seu maravilhoso e reconhecido samba chamado Partido Alto.

Talvez, esta simples história possa exemplificar o tamanho do mal que assombra este nosso país.
A elite que usurpou o poder em 64, quer voltar ao poder de qualquer jeito. Isto, no país que vinha de uma tradição escravocrata de mais de trezentos anos e que teve o segundo maior partido nazista do mundo. Tentaram via eleitoral, perderam e não aceitaram. Agora as táticas são outras. Mas a guerra é a mesma.

O motivo do golpe também foi o mesmo. Não deixar que a senzala se libertasse. Não realizar as reformas, que o país precisava e ainda precisa, que o povo ansiava e ainda anseia, mas que a casa grande não queria, não quer e nem vai querer nunca.

Eles não aceitam que enquanto no mundo todo, a desigualdade entre ricos e pobres aumentou, o Brasil foi exemplo, de como crescer e distribuir riquezas.

Porém, a última crise mundial, cíclica e sistêmica, chegou. Veio como uma marolinha, como Lula anunciou. De pouco em pouco. Construída cotidianamente na campanha anti-Brasil impetrada pelos órgãos responsáveis pelo golpe. Nem se preocuparam em esconder ou dissimular.

A cada vazamento seletivo em datas coincidentes, não importando se fosse véspera de eleição, ou de manifestação golpista programada.

A cada informação dada com exclusividade, em antecipações de publicações, usadas para retroalimentar a máquina de propaganda udenista para desconstruir um exemplo de possível caminho, contra a barbárie que o mundo se encaminha, a passos largos.

A cada dose cavalar de pessimismo. De esconder a realidade, a crise foi se instaurando e fortalecendo. Pois, detentores versados dos “saberes” herdados de tantas gerações golpistas e opressoras, entendem que para o povo, o que não é visto, não é lembrado. E o que é visto demasiadamente, acaba virando verdade, independentemente se é verdade ou não.

Assim, super-dimensionam os erros e escondem os acertos.  Setores da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça articulam abertamente com outros setores um golpe contra o governo e contra a esquerda.

A mídia sempre atuando no processo de desempoderamento do governo, com a velha e conhecida tática da critica a ineficiência e corrupção do estado, misturaram a crise econômica com a crise política.

Mobilizaram muita gente com o discurso de ódio, contra a esquerda. Usando as cores verde e amarela, foram sendo criadas as condições para o “golpe branco”. Muitos com a camisa da CBF, entidade comprovadamente corrupta e com estreitos vínculos históricos com a manutenção do poder desta elite raivosa.
E a elite está com raiva.

Nunca aceitaram , que Lula, tantas vezes chamado de semi-analfabeto, enfiasse guela abaixo desta retrograda elite, seu reconhecimento nos mais respeitáveis centros de produção de conhecimento do mundo.

Que acabasse com a fome e tirasse 40 milhões de “batuqueiros” da barriga da miséria, isto durante a maior crise desde a quebradeira de 29.

Nunca aceitaram a lei de cotas ou qualquer política afirmativa. Ver seus filhos dividindo o mesmo espaço privilegiado que os filhos de seus empregados era pedir demais.

Nunca aceitaram pobres terem direito ao acesso e ao consumo.  Dividir espaço nos aeroporto e aeronaves com os ex-pobres, recentemente elevados a dita classe média.

Nunca aceitaram o alinhamento do Brasil, com a Rússia, Índia, China e África do Sul, criando novos mecanismos de desenvolvimento como o banco dos BRICS.

Mas claro, reconhecendo que o governo Dilma teve seus enganos. Mas nenhum tão mortal quanto tentar governar com um programa econômico diverso do que o que a elegeu.
Agora, pra derrotar o governo Dilma e o PT, estão derrotando a democracia, tese comprovada na tentativa de condenar sem julgamento o presidente Lula.

Lula foi seqüestrado pelos agentes do Estado, pois a lei determina que uma pessoa só deva ser levada coercitivamente para prestar depoimento, caso ele seja convocada e se negue comparecer.

Como defende importantes correntes do PT, o sequestro do presidente Lula teve óbvias motivações políticas. Desde o início da “Operação Lava Jato”, sabíamos que o juiz Moro e seus cúmplices estavam forjando as provas necessárias para o impeachment da presidenta Dilma, para a cassação da legenda do PT e para a prisão do ex-presidente Lula.

Infelizmente, parte da esquerda brasileira não acreditou que Moro seria capaz de ir tão longe. Esqueceram que a direita reserva a lei apenas para os amigos. Para os inimigos, nem mesmo a lei. Pois nem sempre pau que dá em Chico, dá em Francisco

Para eles a democracia não tem valor, não importa se existe crime ou não. Só a versão dos fatos apresentados. 

E quanto ao povo, a solução deles é simples, como apresentada no caso da censura: Corta Percival. Afinal a elite não gosta nem de verdade, nem de povo e nem de samba. Mas, como canta outra música do Chico: "Deixe em paz, meu coração, que ele é pote até aqui de magoas, e qualquer desatenção, faça não! Pode ser a gota d'água".



P.S. Ah... não esquecemos que a GLOBO apoiou o Golpe em 64 e a revista Veja tem os mesmos sócios patrocinadores do aparthaid na África do Sul.