quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Confecom, sexta-feira treze e a Proclamação da República

Leonardo Alves Batista

Entre os dias 13 e 15 de novembro de 2009, acontecerá na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), assim como em outras cidades brasileiras, a etapa estadual da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Coincidentemente, este evento que é carregado de simbolismo, não somente para os militantes da democratização das comunicações, mas para todos os que acreditam na construção de um novo país, ocorre em datas extremamente simbólicas.

A conferência mineira que se inicia em uma sexta-feira treze, dia que é popularmente considerada como de mau agouro, será finalizada na data em que se comemoram os 120 anos da Proclamação da República.

Se por um lado nosso evento começa em um suposto dia de azar, finaliza justamente no dia que representa uma das tarefas mais urgentes e importantes a serem consagradas em nosso país, ou seja, a instituição de uma verdadeira república no país. No episódio ocorrido em 15 de novembro de 1889, se o próprio Marechal Deodoro da Fonseca, um dos pilares do movimento republicano, não participou efetivamente do processo por estar doente, imagine então o povo brasileiro, que dormiu monarquia e acordou República, não sabendo das mudanças ocorridas no país, vendo a sua história passar pela janela.

Nesta conferência que se descortina, pela primeira vez no Brasil, o povo terá a oportunidade de discutir em arena pública esse tema tão importante para a construção de uma nova sociedade, mais justa e igualitária.

Tudo bem que não é a Confecom dos nossos sonhos. A super representação dos empresários, o tempo exíguo para realização das etapas preparatórias, o voto qualificado para temas sensíveis são alguns dos desafios que os representantes da sociedade civil terão que enfrentar no processo.

Entendo que embora esta seja uma luta histórica, infelizmente ainda não tivemos o acumulo suficiente na correlação de forças para enfrentar os tubarões midiáticos, de forma, no mínimo mais justa, contrapondo e vencendo todas as mazelas e obstáculos do nosso atual sistema, que para ficar ruim, tem que melhorar muito.

Porém, defendo que, apesar de todo o boicote do empresariado, que como um menino ruim de futebol, mas dono da bola, fez e faz chantagens cotidianas para que o jogo seja jogado segundo suas regras e vontades, vai perder de goleada. Acredito que serão vencidos no seu próprio esquema, cuja primeira derrota foi a convocação da conferência pelo governo Lula.

Isto sem falar nos rachas e intrigas dentro deste segmento como o das teles x radiodifusores, grandes x pequenos, tv “A” x TV “b”, em um ambiente que será totalmente alterado pela convergência tecnológica.

Esta é a primeira conferência que não trata apenas de políticas públicas, mas do próprio sistema capitalista em um dos seus mais importantes pilares.

Algumas pessoas ainda não conseguiram assimilar o tamanho da vitória que esta construção representa. Centenas de conferências regionais, municipais e livres estão ocorrendo em todo o país, mobilizando um grande contingente de pessoas. Além é claro dos seminários, debates e outros eventos, que estão capilarizando a discussão, afinado os discursos e engrossando as fileiras de lutadores e militantes pela democratização do setor.

Algumas pessoas devem estar se perguntando, o que a sexta-feira treze tem a ver com isto? Para os supersticiosos de plantão, espero que signifique o azar do oligopólio da mídia brasileira, que mesmo se armando com ferraduras, sal grosso, trevo de quatro folhas ou pé-de-coelho, ira assistir o caldo entornar, e os movimentos sociais avançarem nesta luta por um sistema mais democrático.

Pessoalmente, assim como para a grande maioria da população brasileira, acredito que o treze, número da legenda do PT e do presidente Lula, representa a esperança de avançarmos nessa fronteira, rompendo os oligárquicos latifúndios eletromagnéticos em defesa do interesse público.

Por tudo isso, vamos todos para a CONFECOM, com a estrela no peito, a transformação na cabeça e a certeza da importância da luta por mecanismos de regulamentar e fiscalizar este setor, pois sem sombra de dúvidas, democratizar as comunicações é democratizar o Brasil.

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