
Já tem gente falando que o PT enterrou suas bandeiras quando privatizou os aeroportos de Viracopos e Guarulhos, pois sempre foi contra as privatizações executadas no governo FHC, caindo assim em contradição programática. Primeiramente, precisamos separar o joio do trigo, o que foi igual e o que foi diferente.
A fundamental diferença na condução dos dois processos é mais facilmente expressa pelo papel do estado. Se por um lado o BNDS - Banco Nacional do Desenvolvimento Social, instituição bancaria pública, financiou ambas as situações de privatização, por outro o destino do patrimônio público do povo brasileiro privatizado por Dilma, continuará nas mãos do governo, legitimo representante escolhido por este mesmo povo. Além do mais, o que Dilma fez foi uma concessão pública por tempo determinado, com opção ou não de renovação e garantia do patrimônio estatal.
Na era do ex-presidente Fernando Henrique, empresas lucrativas como a Vale do Rio Doce foram vendidas a preço de bananas, transferindo para a iniciativa privada nossa riqueza, pois o controle das estatais passou para as mãos de investidores internacionais. No primeiro sinal de crise, aquela marolinha econômica que nem afetou diretamente a empresa, os novos donos demitiram funcionários, pois o seu interesse é meramente financeiro, como prevê a conveniência do discurso capitalista. E com um governo irresponsavelmente entreguista, cujo pensamento podia ser entendido na seguinte fala do ex-presidente FHC:
— É preciso dizer sempre e em todo lugar que este governo não retarda privatização, não é contra nenhuma privatização e vai vender tudo o que der para vender.
Esta perda do controle não se efetivou no governo Dilma. Apesar do financiamento também ser executado pelo BNDS, os aeroportos foram comprados em sua maioria acionária, por instituições diretamente ligadas à estruturas governamentais. Fundos de pensão de trabalhadores de outras estatais e a compra de ações vinculadas a INFRAERO abocanharam do estado para o estado, o controle deste estratégico setor do desenvolvimento e defesa brasileiro, levando de quebra, 24 milhões para os necessários investimentos na melhoria da prestação do serviço e resolução dos gargalos históricos de nossa infra-estrutura.
Se considerarmos apenas a atuação do banco estatal no processo de escolha dos investimentos a serem financiados, a distinção dos projetos petistas e tucanos ficam evidentes. Financiar os aeroportos tem um grande impacto socioeconômico, principalmente devido ao potencial turístico brasileiro, amplificado pela realização de grandes eventos esportivos no nosso país. Nas inúmeras estatais vendidas anteriormente ao governo Lula, além do assalto aos cofres públicos, denunciado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., no livro a Privataria Tucana, a venda das estatais foi pano de fundo para o maior assalto cometido aos cofres públicos pelas lideranças políticas do PSDB e seus apoiadores.
Além de todo o roubo, a privataria tucana não trouxe nenhum beneficio para o povo brasileiro, excetuando em alguns casos das telecomunicações. Contudo, também resultou no aumento vertiginoso do custo das ligações telefônicas para os consumidores.
Já os desvios de recurso ficam evidentes, pois para onde foi o dinheiro que o Brasil arrecadou com estas vendas? Isto sem falar que a Vale do Rio Doce arrecadou no primeiro ano após sua negociação pelo PSDB, lucro igual ao valor de venda. É como se você vendesse uma casa, fosse morar nela de aluguel e o valor cobrado para você continuar morando lá em um ano ser igual ao o que arrecadou se desfazendo do que era seu. Isto sem falar que ela explora um bem finito que quase não paga imposto e que costuma deixar buracos e problemas socioambientais nas regiões em que se instala. O governo ainda tem ações da antiga estatal, mas não possui o controle. Além do que, este patrimônio, que já foi publico, não voltará nunca mais para as mãos do povo brasileiro, diferentemente dos aeroportos. Já tem gente até falando que a privatização que governo petista realizou foi chapa branca, pois quem vai continuar mandando e dono do que foi vendido vai continuar como antes, literalmente de Cesar para Cesar, ou Melhor de Dilma para Dilma, arrecadando recursos financeiros estratégicos para desenvolvimento social que até nomeia o banco financiador e delimita o que a esquerda pensa como função de um banco público como o BNDS. E ainda falam que só tem negócio bom na China!
Dia: 07/ 02/2012

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