quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Inversão da imagem: o papel das instituições no Brasil

Recentemente, tive acesso a um comercial, no mínimo inusitado do “Jornal Nacional” das Organizações Globo.

http://www.youtube.com/watch?v=sAqVlF0GfG4

Podem alguns dizer que é um vídeo institucional, mas pra mim é a mais deslavada propaganda que eu já vi na vida. Onde já se viu, um jornal e toda sua credibilidade autoreferendar-se. É confuso para mim, ver os ancoras deste prestigiado “jornal”, lindos como só vendo, fazendo uma encenação, onde imitavam “eles mesmos”. E para completar, anunciavam as noticias como se dialogassem com o povo do outro lado da tela da televisão. Realmente, depois de ver isto, acho que preciso fazer terapia.

Eu gosto muito de propaganda e há muito tempo eu não via uma peça tão bem elaborada, cujo objetivo de persuadir para determinada idéia atingiu os limites imponderáveis do factível. Porém, com um pouquinho de senso critico, dá para entender o quanto o colorido mundo da televisão é “uma historinha de faz de conta”, mas infelizmente, com as mais antirepublicanas e antidemocráticas razões.

No vídeo apresentado, é forjado um dialogo, como se as falas dos apresentadores do jornal e dos espectadores fossem alternadas, em uma agradável conversa na intimidade do lar do povo brasileiro. Primeiramente, o casal está como geralmente a gente os via, dentro da caixa mágica de fazer sonhar, sentadinhos na bancada, dentro da tv. Mas depois a imagem se inverte magicamente, e Willian Bonner e Fátima Bernardes começam a ver o publico na tela, no lugar de meros espectadores, o povo se transforma em protagonista.

Se as Organizações Globo enxergam o Brasil através de uma tela, como é apresentada no comercial, acho melhor chamarem o técnico, pois seu “aparelho global” está com problemas na imagem, principalmente do que é papel de um jornal.

Primeiro, porque não existe possibilidade de dialogo neste tipo de relação, senhores. Sempre é um monologo, onde “eles” dizem o que querem do jeito que querem, de quem querem e sem se importar com as reputações e a dignidade humana das pessoas, que muitas vezes levianamente, são representadas de forma equivocada nas suas reportagens, tantas vezes tendenciosas. Segundo, poderíamos entender que o dialogo é uma leitura que os jornalistas da emissora fazem da sociedade brasileira, mas ai, a incoerência do vídeo é se torna mais gritante ainda, afastando-se cada vez mais da nossa realidade.

Se as leituras da Globo conhecessem o povo do Brasil saberia que a maioria esmagadora da população escolheu um projeto político que esta instituição de comunicação, antidemocraticamente não aceita para o país. O ódio, a intolerância e a megalomania desta emissora podem ser referendados em muitas ocasiões da nossa história. No Rio, já fraudaram a eleição contra o Brizola em 92. Já editaram tendenciosamente o debate do Lula x Collor em 89, e na ultima eleição, montaram a vergonhosa farsa da bolinha de papel, com o objetivo de favorecer o candidato da Direita, Jose Serra. Aquele teatro, cujas tintas ainda estão frescas na memória, foi um atentado à democracia, com direito a perito suspeito e tudo quanto baixaria, expressando mentiras com o padrão de qualidade excepcional e sua dicção perfeita, sorrisos largos e ternos bem cortados. Pena que no quesito ética, este padrão deixa tanto a desejar.

Assépticas como cirurgias cerebrais, os “deles” e os “delas” da Rede Globo, cotidianamente, jogam noticias sem muito rigor ético ao vento, entre risinhos mal disfarçados que somente muita técnica comunicacional ou obscuras ligações de ancoras com a CIA permitem. Porém a “cada ultimo escândalo” fabricado, requentado, ou verdadeiro, tenho mais certeza que a linha editorial da Globo e de outros veículos de comunicação, não dialogam com a maioria do povo brasileiro, que elegeu uma ex-guerrilheira como presidenta do nosso Brasil. Ela que lutou pelo restabelecimento da normalidade da democracia, hoje tem que conviver com setores de nosso país que não aceitam o desejo democrático do povo brasileiro, expresso nas urnas do sufrágio universal.

Atualmente, estes setores são encabeçados por empresas de comunicação, principalmente Globo e Abril que, como a funcionaria executiva do grupo Folha de S.Paulo, Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) fez a seguinte declaração no diário carioca O Globo (18/3/2010): "A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo."

Já que é para fazer oposição político-ideológica, poderiam decentemente introduzir a letra P, de partido na frente da sigla da instituição, criando o PANJ – Partido da Associação Nacional de Jornais. Assim, de quebra, formatariam uma opção para a candidatura à Presidência do Brasil em 2014 da direita retrograda do nosso país.Já que tá tudo invertido. O DEM e o PSDB poderiam lançar um canal de televisor. O que? Eles já têm políticos e laranjas como donos de vários? Xi... Então tem razão esta inversão de papeis institucionais. Afinal para quê que serve a imprensa? Será que é para fabricar noticiais? Como o recente caso da revista VEJA em um hotel de Brasília? Será que é para assumir uma linha político-partidária, sem abrir mão da “historinha da carochinha” da imparcialidade, com direito à código de conduta eticoprofissional.

Já estou até vendo, as manchetes dos jornais na época da eleição. A única diferença é que vão parar de tentar enganar quem quer que fosse, com o discursinho facilmente demonstrável nos registros da história de nosso país, que no fundo, no fundo, a mídia corporativista burguesa nunca, nem em cobertura de festa infantil de filho de celebridade, realizou jornalismo isento e imparcial. Sempre tiveram lado, e nunca era o do povo brasileiro. Já emprestaram carros para os carrascos da ditadura transportarem presos políticos ilegais para aparelhos de tortura e morte. Aliais, só para constar, é valido a leitura das manchetes dos jornais no ato de instauração do terror e do arbítrio em nosso país. Teve jornal saudando a “revolução” feita a base de medo, sangue, suor e lágrimas, manchando de vermelho, o verde oliva da nação brasileira.

Podemos lembrar as manifestações na maior cidade do Brasil, onde milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo pedir o fim da ditadura militar, mas o mesmo Jornal Nacional, noticiou que era o aniversário da cidade. Como podemos ver, esta história de inverter os papeis na mídia é antiga, e acho que agora com a grande aprovação do governo Dilma, vão assumir de vez o papelão de lutar contra os interesses do povo brasileiro, tentando derrubar na marra o governo democraticamente eleito.

É para comprovar que os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país só dar uma lida rápida nos “blogs sujos”, fontes mais fidedignas de informação, do que estas instituições, que perdem cotidianamente, entre um post, replay a pouca credibilidade que ainda dispõe.

As mascaras estão caindo, junto com os índices de audiência, e o faturamento publicitário, que deve, cada vez mais ser pulverizado em diversificados e capilarizados meios de comunicação, mas esta é outra história.

Se considerarmos a qualidade do que produzem estas instituições, penso que muitos veículos aqui citados devem achar que é o seu papel é algo próximo ao higiênico, porém fartamente usado. Ou seja, um papel sujo como fezes, fétido, fútil, feio e falso.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O trabalho intelectual no Brasil de hoje - Emir Sader

Nomeado, mas ainda não empossado para dirigir a Fundação da Casa de Rui Barbosa, eu não queria seguir alimentando mais entrevistas, declarações, palavras, enfim, depois de ter sugerido as ideias inicias com que pretendemos nortear o trabalho na direção da Casa.

No entanto, uma vez instaurado um debate saudável – um primeiro objetivo, o de suscitar o debate sobre a função de um espaço cultural público no momento que vive o país -, com as inevitáveis e bem vindas reações e as negativas manipulações ou edições unilaterais de matérias, vale a pena voltar ao assunto, com um breve texto de responsabilidade totalmente minha.

Antes de tudo, para reafirmar o respeito por todo o extraordinário trabalho que a FCRB vem desenvolvendo, seja na conservação do acervo, na pesquisa, na promoção de eventos e em tantas outras atividades, que o consagrou como um espaço de referência nessas atividades, em que abriga alguns dos melhores pesquisadores das distintas especialidades a que a Casa se dedica. Isto nunca esteve em questão. Trabalharemos, em estreita colaboração com o MINC e a Ministra Ana de Hollanda, assim como com outras instâncias do governo que já manifestaram interesse concreto em articular suas atividades considerando a Casa como um espaço de reflexão de todas as Secretarias do MINC, assim de outros Ministérios do governo – como o MCT, o Ministério da Saúde, de Comunicação, da Educação, do Meio Ambiente, dos Esportes, as Secretarias de Políticas para as Mulheres, dos Direitos Humanos, de Igualdade Racial, dos Esportes. A Casa buscará ser, além de todas as tarefas que já cumprem de forma efetiva, um espaço mais integrado ao MINC e ao governo federal, instâncias às quais pertence institucionalmente.

Essas demandas, junto à necessidade de incentivar debates que ajudem a compreensão do Brasil contemporâneo – além daqueles que a Casa já desenvolve – nos levam a programar atividades específicas, dirigidas a decifrar as imensas transformações que o Brasil sofreu nas duas últimas décadas. É uma lacuna que já apontava a conversa que tivemos com a atual Presidenta Dilma, quando Marco Aurélio Garcia e eu fazíamos uma entrevista para o livro "O Brasil, entre o passado e o futuro" (Editoras Perseu Abramo, organizado por Marco e eu), quando constatávamos como faz falta hoje ao Brasil um novo impulso teórico e cultural, que sempre acompanhou os momentos de grandes transformações politicas do país.

Recordávamos como isso ocorreu nos anos 30, concomitantemente ao primeiro governo do Getúlio, que dava origem ao Estado nacional contemporâneo, com obras como as de Caio Prado Jr., Sergio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Anísio Teixeira, entre tantos outros. Realizada um pouco antes, mas estendendo sua influência por todas as décadas posteriores, a Semana de Arte Moderna condensou todas as grandes correntes artísticas renovadoras que povoam até hoje a arte brasileira.

Na virada dos anos 50 para os 60 do século XX, juntos aos acelerados processos de urbanização e de industrialização, com o fortalecimento de classes e forças sociais fundamentais no processo de profunda democratização por que passava o país, o desenvolvimento de obras como de Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Werneck Sodré, todo o grupo do ISEB – sem querer mencionar a todos -, enquanto a bossa nova, o cinema novo, o boom e a renovação criativa no teatro brasileiro, assim como nas artes plásticas, agora a presença exponencial de Oscar Niemeyer, Burle Marx, para referir-nos apenas a alguns dos arquitetos e paisagistas. A lista e as atividades são extensas, na maior concentração de arte criativa e original que o Brasil conseguiu produzir em um espaço relativamente curto de tempo. (Certamente se podem acrescentar muito mais nomes e atividades, estas aparecem aqui apenas a titulo de exemplos.)

Não há dúvidas hoje de que o Brasil vive, ao longo da primeira década deste século, que tudo indica que se projetará pelo menos por esta década, um outro período de grandes transformações, que pode ser comparado com os mencionados anteriores, com suas particularidades, tanto na forma dessas transformações, como nos processos políticos que as levam adiante. A consolidação de um modelo econômico intrinsecamente associado à distribuição de renda faz com que o Brasil tenha começado a atacar o principal problema que o país arrasta ao longo dos seus séculos de história: a desigualdade social, que fez com que fôssemos o país mais desigual da América Latina, que por sua vez é o continente mais desigual do mundo.

Pela primeira vez na nossa história estamos conseguindo diminuir de forma significativa a desigualdade no Brasil, e em proporções que nos permitem dizer que a própria estrutura social a que estávamos acostumados – uma pirâmide bem larga na base, que ia se afinando conforme se subia na estrutura social, como um filtro que permitia que poucos pudessem estar no meio e muito menos ainda no topo da pirâmide – mudou radicalmente de figura.

Além de múltiplos outros fenômenos, que projetaram muito mais e de forma distinta o Brasil no mundo, aliado preferencialmente aos países vizinhos da América Latina e aos do Sul do Mundo, que representamos mais de 85% da população do mundo, mas contamos com percentual brutalmente inferior da riqueza mundial. Por isso o lugar do Brasil como potência emergente, que representa uma nova forma de encarar os problemas econômicos, sociais, políticos, energéticos, ambientais, educacionais, culturais, dos direitos das minorias politicas, entre outros, mudou, tendo sido dirigido na primeira fase desse processo por um líder politico de origem no movimento sindical de luta contra a ditadura, seguido pela primeira mulher Presidenta do Brasil, que esteve diretamente vinculada à resistência àquela mesma ditadura – passou a viver o período de sua maior projeção regional e mundial.

Muitos outros aspectos dessas profundas e extensas transformações – a principal das quais, ao diminuir substancialmente as desigualdades, passou a governar para todos no maior mecanismo de inclusão social que havíamos conhecido – podem ser mencionados, para ressaltar a transcendência do momento histórico que passamos a viver na entrada do novo século.

No entanto, sem subestimar a vigorosa e extensa produção intelectual que a vida acadêmica brasileira e outras instâncias inovadoras passaram a produzir nas últimas décadas, é necessário constatar que as transformações que o país vem vivendo, tem se dado em ritmo mais avançado do que o ritmo do avanço da capacidade de produção teórica de dar conta das profundas, diversificadas e novas transformações que o Brasil passou a viver, especialmente nas duas últimas décadas.

O próprio debate eleitoral refletiu isso. Por um lado, a grande maioria dos meios de comunicação, com uma visão sistematicamente crítica do desempenho do governo Lula – que acreditava que já em 2005 o governo estava morto ou ferido de morte, para dar apenas um exemplo da incapacidade de se situar diante das transformações já em curso naquele momento – e que, ao final desse governo, teve que conviver com um Presidente com 87% de apoio e apenas 4% de rejeição. O que dava conta, sinteticamente, como o ponto de vista amplamente majoritário na mídia – em uma mídia que havia reduzido seu pluralismo a espaços residuais – se chocava com o Brasil realmente existente, que havia entrado em um período da maior unificação nacional, de forma consensual, em torno de um projeto protagonizado por esse governo atacado por escrito, nas rádios e nas TVs, sistematicamente.

Por outro lado, é preciso dizer também – como referido em "O Brasil entre passado e o futuro" – que os grandes avanços do governo Lula foram feitos muito mais de forma empírica, pragmática, baseados na extraordinária intuição política do Lula, com ensaios e erros, com exploração de espaços novos e mais fáceis de avançar – como a prioridade das políticas sociais ao invés do ajuste fiscal, da integração regional, ao invés dos Tratados de Livre Comércio com os EUA -, mas sem uma teorização dos passos que se estavam dando, de reflexões estratégicas sobre as direções em que se caminhava, com seu potencial, seus limites, suas contradições.

O certo é que temos que nos orgulhar de todas essas transformações, que estão fazendo do Brasil um país menos injusto, mas como intelectuais, como artistas, temos que constatar que não estamos até aqui correspondendo, com a formulação de grandes debates sobre os caminhos que o Brasil está cruzando, seus potenciais, suas contradições, seus limites, suas novas necessidades. Um debate obrigatoriamente crítico, contraditório, que tem que dar lugar para todas as vozes, uma discussão pluralista, necessariamente multidisciplinar, para abordar todas as esferas e dimensões afetadas pelas transformações em um país tão amplo e contraditório como o nosso.

O mandato que pretendemos levar a cabo na Casa de Rui Barbosa não se choca em nada nem com as atividades que vêm sendo desenvolvidas com grande empenho e rigor na Casa, assim como com os objetivos tradicionais que a trajetória de um personagem ímpar na nossa história, como estadista, homem de visão ampla, de ideológica pluralista, como Rui Barbosa, projetou sobre a nossa história e nos deixou exemplos de formas de abordagens, para sua época de temas contemporâneos candentes, tanto de politica interna, como de defesa dos interesses do Brasil no mundo.

Buscaremos fomentar grandes conferências – mensais ou mesmo quinzenais – com participação dos grandes pensadores contemporâneos que têm, de uma ou de forma, buscado decifrar os enigmas representados pelas novas circunstâncias históricas que vivemos ou pelas tradicionais, revestidas de novas roupagens. Não há limite, nem no número, nem nas correntes dos que serão convidados pela Casa – indo de Marilena Chauí a José Murilo de Carvalho, de José Miguel Wisnik a Caetano Veloso, de Tania Bacelar a Bresser Pereira, de Carlos Nelson Coutinho a Maria Rita Kehl, de José Luis Fiori a Chico de Oliveira (e a lista é necessariamente grande e, ainda assim redutiva). Chamaremos para reuniões periódicas todos os intelectuais e artistas que se disponham a participar, para ouvi-los, escutar suas propostas, promover intercâmbios de ideias sobre os rumos das atividades da Casa. Ao mesmo tempo abriremos um espaço de consulta na página da Casa, para que sugestões de nomes, temas e modalidades de atividade, sejam encaminhados.

Essas conferências, assim como todas as outras que viermos a realizar – seminários sobre Cultura e Politicas Culturais, sobre Propriedade Intelectual, entre outros – serão transmitidas ao vivo pela internet, com possibilidade de participação e formulação de perguntas à distância, com os vídeos sendo arquivados na página da FCRB para serem vistos posteriormente e gravados, se assim se desejar.

Está claro que pretendemos seguir cumprindo todas as atividades atuais da Casa, reforçando-as. Ao buscar dispor de melhores condições de trabalho e de espaço para os acervos, necessariamente temos que ter, como um esforço conjunto da FCRB, junto com o MINC e outras instâncias do Governo Federal que já têm se mostrado sensíveis, o aumento de pessoal, seja mediante novos concursos, seja mais bolsas e outras modalidades de expandir nossa capacidade de trabalho.

Vários outros projetos já foram propostos à Casa – como, em coordenação com a Biblioteca Nacional, desenvolver um amplo trabalho coordenado para a participação do Brasil como país convidado da Feria de Frankfurt de 2013, e realizar um seminário no curto prazo, junto com a Secretaria dos Direitos Humanos, sobre experiências similares à Comissão da Verdade, em países vizinhos, entre outros. Buscaremos as formas e meios para executar esses projetos, o que impossível sem o aumento e a melhoria da capacidade de ação da Casa.

A FCRB e nenhum órgão publico produzem cultura. Eles devem fomentá-la, incentivá-la, gerar as melhores condições de sua produção e difusão. Como disse a Presidenta Dilma na referida entrevista, nós não acendemos foguinhos, mas vamos assoprar a favor todos os que existam ou apareçam. Modestamente a Casa pretende se inserir nessa dinâmica, plural e criativa, de apoiar o surgimento e o fortalecimento das distintas formas de expressão intelectual e artística que nos tornem mais contemporâneos deste momento extraordinário que o Brasil vive.

Em momentos anteriores, o pensamento crítico e os movimentos artísticos de vanguarda apontavam os caminhos de futuro para o Brasil. Hoje devemos dizer que a História avança mais rápido que nossa capacidade de compreensão e de criação culturais correlatas a seu ritmo e a seus novos itinerários. O Brasil tem como um dos seus melhores patrimônios seus artistas e seus intelectuais. Trabalhemos para que a compreensão teórica do Brasil e a criação artística do século XXI, se fortaleçam ainda mais. Nós sopraremos, com todas as forças, todas as milhares de brasinhas que existam e apareçam.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

VIOLENCIA CONTRA A MULHER: POLICIAL REVISTADA E DEIXADA NUA POR DELEGADO

Quando uma mulher sofre uma violência de qualquer natureza, o procedimento correto é procurar, imediatamente, a polícia. Mas o que fazer quando a própria polícia comete esta violência? Em São Paulo, uma policial acusada de receber propina foi algemada e teve suas roupas arrancadas por policiais HOMENS, apesar da presença de policiais femininas na delegacia - o que apenas agrava, pois mesmo ausentes, a situação possibilitaria que policiais mulheres fossem chamadas de delegacias próximas, o que exclui completamente a necessidade da revista ser feita por homens.

As imagens são absolutamente chocantes - pela brutalidade, pelo desespero, pelo desvirtuamento de homens a quem entregamos o cuidado de nossa segurança. A policial - tendo recebido propina ou não - aceita ser revistada, desde que em presença exclusiva de policiais femininas - direito que é assegurado por lei. Infelizmente, não é isso que acontece. Apesar de não se negar a colaborar, a policial é algemada e tem suas calças arrancadas por três homens e uma mulher.

O intrigante das imagens é que não se percebe o momento em que o dinheiro ( R$ 200,00) é encontrado no corpo da policial. Após deixá-la nua, o delegado Eduardo Henrique de Carvalho Filho (que aparece de vermelho no vídeo) e é um dos principais agressores, aparece com o dinheiro na mão e repete inúmeras vezes que ela está presa em flagrante, que ali estava o dinheiro. A forma com que o delegado expõe o dinheiro, o tom de sua voz e seu comportamente durante toda a gravação é, no mínimo, intrigante. Fora a clara prepotência, o abuso de poder e de força, o machismo e a vontade imperante de humilhar a policial, Eduardo Henrique demonstra regozijo na "vitória", quase como se estivesse pensando "ufa, o plano deu certo, vamos nos livrar dela".

Outro fato intrigante desta história - as imagens são de 2009 - é que a policial, mesmo com o processo ainda em andamento, já foi expulsa da corporação. Como ela pode ter sido expulsa da corporação se, pela constituição, todos são inocentes até que se prove em contrário? Como ela pode ter sido expulsa se o processo ainda não foi encerrado - portanto ainda não pode ser considerada culpada? Será que essa moça representava algum tipo de ameaça, sabia de algo que não deveria saber? Ela pode até ser culpada - o que as imagens não permitem concluir, já que o dinheiro pode nunca ter saido das mãos do delegado Eduardo Henrique - mas isso não exclui a estranheza da vontade dos envolvidos em livrar-se logo da então escrivã da Policia Civil.

Existe ainda um outro fato digno de nota: A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo manteve estas imagens sob sigilo. Por que? Por que a secretaria manteve em sigilo? Talvez apenas para não haver desgaste político, mas ainda assim, atitudes contra estes agentes envolvidos deveriam ter sido tomadas - e não foram! Por que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não tomou nenhuma medida diante das cenas brutais de ação de sua polícia? Por que nenhum processo administrativo foi aberto contra eles? Será que este procedimento é aprovado pelo governo paulista? Parece que sim... Felizmente, parece que o Ministério Público não aprova e está investigando o caso.

FONTE: http://blogdomirgon.blogspot.com/2011/02/violencia-contra-mulher-policial.htmlhttp://blogdomirgon.blogspot.com/2011/02/violencia-contra-mulher-policial.html

http://www.youtube.com/watch?v=Bly_j-pAtb4&feature=player_detailpage